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quinta-feira, 31 de março de 2011

Surpreenda-me











Não sei se lembro numa imagem invertida ou subvertida

a imagem que vem

é você em preto e branco

descendo por onde subo

de calçada em calçada

a gente quase se topa

despercebida

lisa, liso, água, pano

sabão

a pele, cheiro , sensação

sinto que te conheço

no amargo aperto de mão

de como era a mais o meu desejo

de um olhar

a mais

a tais

a nós

subo pensando

para onde vais?

segue-me

atrapalha-me

esquece-se

me proibe de olhar-te

força-me um beijo

um olhar aflito

um ar perdido entre eu e você

some no meu esquisito

deixa-me

solta-me

liberta-me

desprende eu

deixa invadir-te

prometa-me que não solta

desvenda-me com cuidado e me enterre em teus afagos.
Surpreenda-me!

À você que veio derrepente, sem aviso, sem compromisso, mas com uma estrada pela frente!

sábado, 12 de março de 2011

Correndo riscos

Eu falo de amor cada vez que te vejo.
Trafego em meu corpo por quentes pensamentos.
Sou bichinho preso em teus laços.
Quero ouvir o que passa e sinto que sou nada.
Penso em breves imagens e
Preciso vomitar a tua falta.
Sinto que vou entalar-me de tanta solidão.
Busco, agora em mim mesma o que antes havia perdido em ti.

Corro todos os riscos,
E você diz: não quero me machucar.
Você deixa a porta se fechar e o pavor dessa realidade
Me assolar.
Só olho e sinto tua resta.
Preparo tudo para aquela hora.
E sem mais nem menos me tomo a dois.
Me mastigo a sóis e engolu a seco.

Somos muito iguais nas nossas diferenças.
E me apresso quando você descança.
Somos o que o perigo chama de emoção.
Nesse caminho que não sei aonde me leva.
Quase não suporto a tentação.
Convivo com sentimentos sem saber aonde eles me levarão.

Pela primeira vez na vida não espero nada.
E essa terrível solidão me invade
Feito fogo no carvão.
Encheria as páginas de meus dias com teu brilho.
Tragaria a tua beleza enchendo-me de prazer e amor.
Mas também sei que quero demais.
És eterna enquanto que és proibida.

Sonhei a tua imagem.
Sonhei a ta alma.
Sonhei o teu cuidado.
Sonhei a tua veia.
Sonhei a tua voz.

Combustão de eternos desejos.
Me culpo o tempo inteiro.
Essa culpa que transformo ao máximo em um monte de palavras.
Todas elas, sinto que me queimam.
Culpa esta, bate sem cuidado a minha porta:
Porque não ficasse naquele instante pelo o resto da tua vida?

O que me acontece pela primeira vez.
Sou toda escrita.
Devo com sabedoria aos teus olhos negros.
A tua pela preta.
E a esses cachos enrrolados, curvados, inclusive à tua prórpia semelhança.
Que me fazem parar por instantes.
Que me fazem sonhar com o inevitável.
Faze-me acima de tudo, poeta sem nunca ter sido.

Abro com clareza as brechas de meu peito.
Generosos espaços, para gritar-lhes:

Sou sua vontade.
Seu mandato.
Sua apreenção.
Seu convite.
Seu perdão.
Sou sua alma.
Seus espaços.
Seu dado.
Seu cúmplice.

Mary Vaz

quinta-feira, 10 de março de 2011

Avesso

Eu brinco muito...mas também sou mistério.
Nossas armas, nossas defesas.
Transbordo de tanto ferver.
Eu te olho sem te ver.


Eu te percebo de longe
já faz tempo.
As coisas acontecem quando tem que acontecer.
Cada qual no seu tempo
e somos amantes de nós mesmo
a principio,
depois ao próximo.
Te adorar me atrai.
Mas me atrai mais ainda me ver nisso tudo.
Adoraria pedir emprestado poesias,
partes de canções...
Dizer-te coisas malucas, sem sentido.
Só pra te ver sem graça.
Para deixar-te sem jeito.
Não temos culpa do acaso, nem do caso chamado atração.
Eu, oposto, aposto teu nome no meu.
Eu apanho seu cheiro e digo com fervor sou teu pó, teu chão, teu endereço.
Sou teu avesso tão igual.
Que passo, que passo, quem sabe um dia posso.
Um dia sonho, e não conto por cuidado.
Que tal a gente juntar tudo numa coisa só?
Teu andar de boa moça, meu olhar de mistério, apanhar teu tédio e dizer adeus aos espaços.
Porque ser teu laço nesse embaraço escurece tudo e me encurto.
Fujo do teu olho.

sexta-feira, 4 de março de 2011

O que você me diz?








O amor segundo minha razão, disse:
O amor tem que ser sentido na pele não no coração.
Somos um para o outro deliciosamente desnecessários.
Mas eu só penso nela!
Sei o que somos: apenas amigos. Velhos conhecidos de um outro mundo qualquer.
Como agora fingir outro mundo?
Como dizer para mim,que não conheço teu beijo, que não senti teu cheiro, não vi teus lábios recebendo os meus?
E etc, e etc...
E apesar disso, como dizer para minha pele que não imprimi teus dados?
Mesmo sabendo, conhecendo de outros carnavais,
Quero o vexame de amar agora, agora.
Era para ser simples.
Queria nessa hora, ser poeta, ser amor,
Transbordar amor.
Poder olhar para você pedindo o seu charme de bela morena.
De belo sorriso, de belo OLHAR.
Você é inesplicavelmente inesplicável.
Mas, ouso dizer-te, teu andar me ocupa os olhos.

Mary Vaz